sábado, 6 de novembro de 2010

A arte de forma real

O Núcleo de Criação do Dirceu (grupo de dança e arte contemporânea) estréia o “Matadouro” na segunda semana de novembro no Rio de Janeiro. Só que até o momento da minha vivência com alguns dos integrantes do grupo, eu não tinha conhecimento sobre a nova peça, então posso inferir duas hipóteses: a de que o núcleo ainda passa despercebido diante dos olhos de muita gente (inclusive eu) ou que não existe interesse do público em relação ao seu trabalho. No entanto, mais do que nunca, o grupo continua a produzir mais e de forma incansável.

Hoje, pode-se dizer que a sede oficial do núcleo é um galpão, que funcionava como depósito de mercadorias de um supermercado, e que está localizado nas imediações do grande Dirceu. Numa mistura de garagem com ateliê de arte, o galpão funciona como espaço para os ensaios e de apresentações alternativas para convidados, e foi numa dessas apresentações que eu e o fotógrafo Maurício Pokemon assistimos ao ensaio aberto de seu mais recente trabalho.

       
A peça tem a duração de aproximadamente uma hora e meia e, segundo minhas próprias interpretações, tem como base a vida cotidiana do Homem diante da vida que é um grande matadouro. Ficou clara para mim a idéia de sofrimento do ser humano, que apesar de todos os esforços converge para um único fim, a morte.  

Logo depois da apresentação, todo o grupo, assim como a pequena platéia de amigos, se reuniu para falar sobre a peça. “Queria me apresentar melhor”, disse. “Eu e o Maurício estamos produzindo uma matéria para nossa revista de cultura sobre a atividade do Núcleo. Em segundo lugar, gostaria de dizer que a idéia é muito boa, essa idéia de representar a atividade cotidiana do homem e tentar mostrar que em muitos casos, quando estamos na correria do dia-a-dia, nos parecemos animais”. Até aí tudo bem. O que não esperava era o Marcelo Evelin, coordenador e membro do núcleo, olhar nos meus olhos e perguntar: “O que você acha que o Núcleo faz para sermos produtores de cultura?”. “Vou resumir em duas palavras: Trabalho e atitude”,conclui. Acho que não preciso dizer mais nada.


Um comentário: