domingo, 26 de setembro de 2010

Rota da diversão - 1ª saída

Já era pouco mais que uma hora da manhã de domingo, e o calor do sábado ainda pulsava intensamente na noite de Teresina. Não por obra do acaso fomos parar ali, em um dos pontos mais movimentados do bairro Dirceu II, zona sudeste da cidade. Depois de uma entrevista furada e uma cerveja mais pobres, a saída era não dar a volta na cidade por perdida e se arriscar na empreitada noturna.

Em busca de traçar a rota da diversão naquele bairro, estacionamos, eu e o repórter fotográfico Maurício Pokemon, em frente a uma casa de show que, naquela noite parecia mais agitada que o comum. Saberia eu depois, que ali se apresentava uma das revelações atuais do tecnobrega. Descemos do carro e traçamos um plano, que se resumia em correr ao perceber qualquer movimentação suspeita. Não era preconceito, nem precaução. O clima estava estranho, o ambiente não parecia acolhedor, e as coisas já não haviam começado bem.

A ideia de abordar pessoas para saber quando e como se divertem, a princípio pareceu simples, sendo inclusive motivo de ansiedade e empolgação em nossas reuniões de pauta. Mas naquele sábado, entretanto, a empolgação nada me dominava, e a minha vontade era voltar pra casa e adiar mais uma vez as entrevistas. Pouco mais de 10 passos à frente de onde estacionamos, abordamos as primeiras personagens. Eram duas amigas, que tomavam caipirinha e conversavam em uma esquina apenas observando a movimentação. Carros no meio da rua, bicicletas, e muitas, muitas motos. O som dentro da casa da show não convencia, e a maioria preferia mesmo era ficar por ali. 

Quem à primeira vista me pareceu séria e rabugenta, aos poucos foi se soltando, revelando traços da personalidade, falando da rotina e explicando gostos e preferências. Nem para as fotos botou empecilho: a personagem estava à vontade, o fotógrafo sorria bem posicionado, e eu que em pouco mais de 5 minutos havia ganho a confiança de uma completa desconhecida, estava totalmente envolvida na entrevista. As coisas estavam funcionando.

Foi então que, em um gesto completamente inesperado e covarde, um estranho se aproximou e agrediu Maurício Pokemon no rosto. Sobressaltados, todos reagiram a sua maneira: a personagem gritou, Maurício enraiveceu-se e eu chorei. Pronto, não é preciso mais que alguns segundos para se ter uma boa história.

No nervosismo comum a quem se sente hostilizado em um ambiente que, teoricamente deveria ser descontraído e animado - me desculpem balanço zona sul, mas por aqui a gente se diverte de outra forma - decidimos vir embora. Já tínhamos motivos suficientes para encerrar a noite. E muito mais para continuar essa reportagem.

Por Luana Sena
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