Naquele verão meio inverno no final de junho, fui acometida por uma das maiores faringites da minha vida. E foi um tanto quanto afônica que, digamos, conversei com aquela figura inusitada. Frank nos recebia em seu bar trajando bermuda e camiseta, descalço e com um cigarro no bico, bem ao estilo dono da festa. Em posse de uma taça de vinho, sentou-se a nossa mesa e nos falou de histórias do passado, presente, e futuro, sem se preocupar com o que nós, ali tão jovens e alheios aqueles acontecimentos pudéssemos pensar ou concluir.
Gostei de cara do que via e ouvia. Tive naquele instante o que costumo chamar de “soluço inspiratório”. E o soluço quase virou um verdadeiro engasgo quando ele, Frank, num impulso correu pro violão e nos saldou com suas composições. Aquele timbre forte, agressivo, rouco e único nos brindava com músicas que fizeram parte da história dos festivais e da música piauiense, e eu tentava puxar na memória alguma referência audiovisual sobre aquilo. Esforço inútil. Para a geração bandas covers, Frank praticamente pertencia ao anonimato, e eu precisava agir rápido para que ele, como tantos outros artistas locais, não se perdesse na triste espiral do silêncio.
(Mais em Caderno Dois #2)
Por Luana Sena
Foto: Maurício Pokemon
grande Frank! Gente fina demais... o legal lá do bar é que sempre que a cerveja acaba ele oferece vinho, ou seja, tudo a ver! rsrs, abraço galera, levo fé no trabalho de vocês aqui...
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