sábado, 23 de outubro de 2010

Campanha política: 12 dicas para fazer seu próprio jingle

1) Música não dá voto. O jingle dá apenas o tom da campanha. Não que isso não seja importante - um cartaz ou um santinho após visto pelo eleitor, só ajudam a poluir a cidade. A música eterniza seu nome e número e ainda pode influenciar os indecisos na hora de votar.
 
2) Iguais a você existem milhões. Todos sempre com o mesmo perfil: honesto, sério, comprometido, com o propósito de ajudar o povo e trazer melhorias, caso seja eleito. Encontre o seu diferencial.

3) Você tem que se vender, como um guaraná ou marca de sabão. Não é preciso acreditar nas suas próprias propostas para convencer o eleitor. Isso é o que a publicidade faz há anos, e ninguém nunca reclamou.

4) É preciso emocionar. Anote aí: o que não emociona, não funciona. Se terminar de cantar um jingle e não se sentir tocado com a mensagem, rasgue o borrão e comece outro.

5) Acredite na inspiração. Se levar dois dias batendo cabeça com uma estrofe ou refrão, reflita. Pare, tome um café, e vá se dedicar a outra atividade. De repente, no meio da noite, quando você menos esperar, seu sono pode ser interrompido pela brilhante ideia que faltava.

6) Resuma. O jingle exige de seu compositor um grande poder de síntese. Nada de unha encravada, fossa que fez na rua do bairro tal e bicicleta que deu para um favelado quando foi vereador. O primeiro trabalho é o de se convencer de que o modelo de jingle que se conhecia há 20 anos esta defasado.

7) Dizer frases mentirosas também não é aconselhável. É pedir muito que se pinte de honesto pelo menos no jingle? Se você falar de obras que nunca foram concluídas, e de repúdio a corrupção estando envolvido em escândalos sobre desvio de verba pública, nem se iluda: você vai virar chacota.

8) O objetivo, de fato, é massificar. E pra isso você tem que repetir. Só a repetição traz a memorização. Mas é bom lembrar que água demais também mata a planta. Nada de carro de som parado embaixo da mesma janela, da mesma casa, todos os dias.

9) Esqueça o nome: o segredo é trabalhar o número. Quem por acaso não se lembra do povo do 14 passando por aqui? O candidato pode até ter perdido a eleição, mas o jingle foi sucesso.

10) Saiba usar as agressões dos concorrentes a seu favor, assim como detalhes exclusivos da sua personalidade ou de acontecimentos no período de campanha. Muitas vezes, aquilo que pensamos ser prejudicial pode ser na verdade um grande trunfo e ajudar na sua popularidade. É tudo uma questão de ser otimista.

11) Fuja das paródias como o diabo foge da cruz. Além de mal feitas e descontextualizadas, muitos candidatos podem ter a mesma ideia de usar aquele forró ou axé do momento. Isso acaba por destruir uma possível identidade musical. E ninguém quer entrar na campanha já com fama de copião, né?

12) E nunca, jamais, em hipótese alguma erre o seu próprio número. Pode parecer absurdo, mas é mais comum do que se imagina, principalmente em jingles encomendados. Essa pode ser uma pequena falha de desatenção com conseqüências trágicas e irreversíveis. 

Por: Luana Sena

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